20 de setembro de 2011

Um dia desses...


O professor Lopes, que até os 18 anos era incapaz de ler e escrever qualquer coisa, nasceu no interior de Santa Catarina e passou a infância e a adolescência trabalhando na  lavoura  juntamente com  seus  pais.  Sua família é,  ainda  hoje,  quase  toda analfabeta. O pai morreu há dois anos sem nunca ter aprendido a ler. A mãe e cinco irmãos também  são analfabetos.  Apenas duas irmãs sabem ler  e escrever.

Aos 18 anos,  o  jovem  Manoel  Lopes,  à  procura  de  novas  oportunidades,  foi  morar  em Florianópolis,  capital do Estado.  Trabalhando  como  servente  de  pedreiro, começou a cursar, à noite, o ensino fundamental. [1° segmento] Da 1ª à 4ª série, fez um curso integrado. Da 5ªà 8ª série, o supletivo [2° segmento]. O ensino médio [3° segmento] foi  cursado  regularmente.

Ele estudava  com  a  intenção de  garantir  seu sustento  na  capital.  Manoel  Lopes  formou-se em  Letras,  fez  dois  cursos  de  pósgraduação  e  foi  aluno ouvinte  no  mestrado  de  Engenharia  de  Produção.  O depoimento desse jovem professor mostra o papel relevante da EJA:
“Aprendi mais do que ler e escrever, descobri que isso faz parte da dignidade humana e que ajuda a dar longevidade ao cérebro e à vida”.

"Para que aumentem as possibilidades individuais de educação, e para que se tornem universais,  é  necessário  que  mude o ponto de vista  dominante  sobre  o valor  do homem  na  sociedade,  o  que  só ocorrerá  pela  mudança  de  valoração atribuída  ao trabalho.  Quando o trabalho  manual  deixar  de  ser  um estigma  e  se  converter  em simples diferenciação do trabalho social geral, a educação institucionalizada perderá o caráter de privilégio e será um direito concretamente igual para todos". 
(Álvaro Vieira Pinto, 2000).

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