O professor Lopes, que até os 18 anos era incapaz de ler e escrever qualquer coisa, nasceu no interior de Santa Catarina e passou a infância e a adolescência trabalhando na lavoura juntamente com seus pais. Sua família é, ainda hoje, quase toda analfabeta. O pai morreu há dois anos sem nunca ter aprendido a ler. A mãe e cinco irmãos também são analfabetos. Apenas duas irmãs sabem ler e escrever.
Aos 18 anos, o jovem Manoel Lopes, à procura de novas oportunidades, foi morar em Florianópolis, capital do Estado. Trabalhando como servente de pedreiro, começou a cursar, à noite, o ensino fundamental. [1° segmento] Da 1ª à 4ª série, fez um curso integrado. Da 5ªà 8ª série, o supletivo [2° segmento]. O ensino médio [3° segmento] foi cursado regularmente.
Ele estudava com a intenção de garantir seu sustento na capital. Manoel Lopes formou-se em Letras, fez dois cursos de pósgraduação e foi aluno ouvinte no mestrado de Engenharia de Produção. O depoimento desse jovem professor mostra o papel relevante da EJA:
“Aprendi mais do que ler e escrever, descobri que isso faz parte da dignidade humana e que ajuda a dar longevidade ao cérebro e à vida”.
"Para que aumentem as possibilidades individuais de educação, e para que se tornem universais, é necessário que mude o ponto de vista dominante sobre o valor do homem na sociedade, o que só ocorrerá pela mudança de valoração atribuída ao trabalho. Quando o trabalho manual deixar de ser um estigma e se converter em simples diferenciação do trabalho social geral, a educação institucionalizada perderá o caráter de privilégio e será um direito concretamente igual para todos".
(Álvaro Vieira Pinto, 2000).
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